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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Poluição do além-túmulo

Marcus Farah

  

 Um grande problema da maioria dos semitérios brasileiros é o vazamento do chorume, um líquido resultante do processo de apodrecimento de matéria orgânica, no caso, dos corpos. Esse líquido acaba contaminando os lençóis freáticos (reservatórios de água subterrânea decorrente da infiltração no solo da água das chuvas). Confiram a notícia a seguir.

  

Poluição do além-túmulo

 

Cemitérios do país têm graves problemas ambientais; vistorias no estado comprovam

 

Rio -  É lema entre os coveiros a máxima de que “só temos que ter medo dos vivos”. Em termos de cuidados com o meio ambiente, porém, o além-túmulo também preocupa, e muito.

Levantamento de um dos maiores especialistas no assunto indica que 75% dos cemitérios públicos do Brasil têm problemas ambientais, principalmente com vazamento do necrochorume — líquido oriundo da decomposição dos corpos — para lençóis freáticos. No Rio de Janeiro, recentes vistorias comprovam 
os problemas.

Geólogo, mestre em engenharia sanitária e professor da Universidade São Judas, Lezíro Marques Silva, que vistoriou 1.107 cemitérios, prepara estudo nacional com estatísticas sobre o assunto. Segundo ele, os cemitérios sofrem principalmente com falta de cuidado com a escolha do local e desleixo na impermeabilização das sepulturas.“Sabe aquelas manchas que parecem gordura que vemos nos muros dos cemitérios? Podem ser necrochorume”, explica Lezíro Silva.
  
viajar pela água e contaminar os vivos com um série de doenças”.

O geólogo ajudou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a fazer resoluções cobrando mais cuidado com as covas. Segundo ele, o fundo das sepulturas deve ser impermeabilizado ou o caixão, forrado por fora com manta de tecido especial.

Mas o ideal é que cemitérios seguissem padrões de aterros sanitários, com o lençol freático mais profundo possível, rocha impermeável e distância dos centros urbanos. “Além disso, seria interessante haver mais cremações”, acrescenta.

Cenas que lembram um filme de terror

Medidas como a impermeabilização e cuidados com o armazenamento de resíduos de corpos cremados evitariam cenas como as constatadas por operações de fiscalização da Coordenadoria de Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), Inea e delegacias especializadas em combate aos crimes ambientais nos últimos meses.

O coordenador da Cicca, José Maurício Padrone conta que, como os cemitérios nunca tinham sido fiscalizados, a situação encontrada foi terrível. “Igual, só em filmes de terror”.

Entre as irregularidades estavam resíduos de cremação “amontoados”, o despejo de produtos para conservação de cadáveres em rios, vazamento de necrochorume e cemitérios em terrenos baixos que ficavam inundados.

Interdições em Xerém e no Caju

Segundo José Maurício Padrone, cemitérios com irregularidades ambientais podem ser interditados ou notificados. Um dos vistoriados recentemente foi o Cemitério do Caju, no Rio.

O forno do ossuário foi lacrado e interditado. Havia resíduos e resto de exumação na área externa do ossuário ao lado do forno. Padrone explica que a área do depósito de ossos está sendo reformada para atender às exigências.

Já em Xerém, em Duque de Caxias, o cemitério foi parcialmente interditado. Em dias de chuva forte, quando havia inundações, crânios rolavam para áreas residenciais vizinhas.

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